VIDEO :
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde fez amizade com artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens do Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.
Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas ideias socialistas e, com fortes tendências homossexuais. Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética.
Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.
Às cinco horas da tarde.
Eram as
cinco em ponto da tarde.
Um menino
trouxe o lençol branco
às cinco
horas da tarde.
Uma ceira
de cal já preparada
às cinco
horas da tarde.
Tudo o
mais era morte, apenas morte
às cinco
horas da tarde.
O vento
levou os algodões
às cinco
horas da tarde.
E o óxido
semeou cristal e níquel
às cinco
horas da tarde.
Já lutam
a pomba e o leopardo
às cinco
horas da tarde.
E uma
coxa com um chifre desolado
às cinco
horas da tarde.
Começaram
os acordes de bordão
às cinco
horas da tarde.
Os sinos
de arsénico e o fumo
às cinco
horas da tarde.
Pelas esquinas
grupos de silêncio
às cinco
horas da tarde.
E o touro
sozinho coração acima!
às cinco
horas da tarde.
Quando o
suor de neve foi chegando
às cinco
horas da tarde,
quando a
praça se cobriu de iodo
às cinco
horas da tarde,
a morte
pôs ovos na ferida
às cinco
horas da tarde.
Às cinco
horas da tarde.
Às cinco
horas em ponto da tarde.
Um ataúde
com rodas é a cama
às cinco
horas da tarde.
Ossos e
flautas soam em seus ouvidos
às cinco
horas da tarde.
O touro
já mugia por sua fronte
às cinco
horas da tarde.
Irisava-se
o quarto de agonia
às cinco
horas da tarde.
A
gangrena já vem lá ao longe
às cinco
horas da tarde.
Trompa de
lírio pelas verdes virilhas
às cinco
horas da tarde.
As
feridas queimavam como sóis
às cinco
horas da tarde,
e a
multidão quebrava as janelas
às cinco
horas da tarde.
Ai que
terríveis cinco da tarde!
Eram as
cinco em todos os relógios!
Eram as
cinco em sombra da tarde!
FEDERICO GARCIA LORCA
LA COGIDA
Y LA MUERTE
A las
cinco de la tarde.
Eran las
cinco en punto de la tarde.
Un niño
trajo la blanca sábana
a las
cinco de la tarde.
Una
espuerta de cal ya prevenida
a las
cinco de la tarde.
Lo demás
era muerte y sólo muerte
a las
cinco de la tarde.
El viento
se llevó los algodones
a las
cinco de la tarde.
Y el
óxido sembró cristal y níquel
a las
cinco de la tarde.
Ya luchan
la paloma y el leopardo
a las
cinco de la tarde.
Y un
muslo con un asta desolada
a las
cinco de la tarde.
Comenzaron
los sones del bordón
a las
cinco de la tarde.
Las
campanas de arsénico y el humo
a las
cinco de la tarde.
En las
esquinas grupos de silencio
a las
cinco de la tarde.
¡Y el
toro, solo corazón arriba!
a las
cinco de la tarde.
Cuando el
sudor de nieve fue llegando
a las
cinco de la tarde,
cuando la
plaza se cubrió de yodo
a las
cinco de la tarde,
la muerte
puso huevos en la herida
a las
cinco de la tarde.
A las
cinco de la tarde.
A las
cinco en punto de la tarde.
Un ataúd
con ruedas es la cama
a las
cinco de la tarde.
Huesos y
flautas suenan en su oído
a las
cinco de la tarde.
El toro
ya mugía por su frente
a las
cinco de la tarde.
El cuarto
se irisaba de agonía
a las
cinco de la tarde.
A lo
lejos ya viene la gangrena
a las
cinco de la tarde.
Trompa de
lirio por las verdes ingles
a las
cinco de la tarde.
Las
heridas quemaban como soles
a las
cinco de la tarde,
y el
gentío rompía las ventanas
a las
cinco de la tarde.
A las
cinco de la tarde.
¡Ay qué
terribles cinco de la tarde!
¡Eran las
cinco en todos los relojes!
¡Eran las
cinco en sombra de la tarde!
FEDERICO GARCIA LORCA
Nenhum comentário:
Postar um comentário