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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Os Remonstrantes e o Sínodo de Dort

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                   Robert E. Picirilli – Graça, Fé, Livre-Arbítrio
Num sentido, a controvérsia estava apenas começando. Antes da morte de Arminius, alguns dos sínodos locais tinham exigido que todos os seus ministros submetessem declarações sobre as confissões. Os Estados Gerais reconheceram que isso representava resistência à sua autoridade. A ordem foi contramandada e os partidos discriminados estavam orientados a não mandar declarações aos Estados Gerais.
Conseqüentemente, em 1610, com as tensões ainda em crescimento, os seguidores de Arminius apresentaram uma petição aos Estados, chamado de “Remonstrância” (por isso que aqueles que a apoiaram foram chamados “Remonstrantes” e os calvinistas que se opuseram “Contra-Remonstrantes”). Entre os líderes do lado arminiano estavam Uitenbogaert, um estudioso chamado Simon Episcopius, e um advogado influente chamado Hugo Grotius; Oldenbarnevelt deu apoio a eles.
A Remonstrância expressou os principais pontos dos arminianos sucintamente em cinco artigos. Estes são como segue:
Art. 1. Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo.
Este artigo apresenta o ponto principal em debate. Ele aceita a predestinação como incluindo tanto a eleição para salvação quanto a reprovação para condenação. Mas ele coloca ambos os decretos após a queda voluntária (não necessária) do homem no pecado, e faz ambos os decretos condicionais à respectiva fé ou incredulidade dos indivíduos que são os objetos da eleição ou reprovação. Este está em oposição à concepção calvinista da eleição incondicional.
Art. 2. Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.
Este artigo enfatiza a expiação ilimitada ou universal, e todavia deixa claro que nem todos são na verdade salvos por esta expiação; somente os crentes experimentam seus efeitos redentores. Isto se opõe à concepção calvinista de que a expiação proveu redenção somente aos eleitos.
Art. 3. Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado, para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom.
Este artigo enfatiza que tudo envolvido tanto na salvação como na vida cristã é pela graça de Deus. Nem mesmo o livre-arbítrio do homem pode iniciar uma resposta positiva a Deus à parte da graça capacitante. Assim até a fé salvadora não é efetuada pelo homem “de si mesmo.” Os arminianos foram sempre acusados de atribuir muito ao homem e então depreciar a graça. Este artigo tinha o propósito de anular essa falsa acusação e mostrar que eles estavam de acordo com seus oponentes ao atribuir todo o bem à graça de Deus.
Art. 4. Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.
O quarto artigo continua a ênfase do terceiro, mas acrescenta uma importante qualificação: a graça de Deus opera de tal modo que o homem pode de forma sucedida resisti-la. Ninguém é superada por ela, a liberdade do homem não é tirada por sua operação. Isto foi para opor a concepção calvinista de que a graça salvadora é irresistível.
Art. 5. Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre – bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de Cristo. Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.
Este artigo final é o maior. Ele mostra que os primeiros arminianos, embora não tinham completamente se decidido, estavam abertos à opinião de que alguém pode ser perdido após ter sido salvo. Esta não foi uma das questões chaves na controvérsia, embora ela tenha sido levantada. A declaração representa um sentimento cauteloso e prematurosobre o assunto. Posteriormente os arminianos viriam a expressar esta opinião sem tal hesitação, se colocando em oposição à crença calvinista na necessária perseverança.
Os anos seguintes foram tempestuosos. Várias tentativas foram feitas pelos Estados Gerais para trazer paz. Por algum tempo, com a ajuda dos magistrados, os Remonstrantes permaneceram no poder em muitas cidades e continuaram a exigir um sínodo geral, que envolveria todas as igrejas protestantes nos estados. Em 1618, entretanto, Maurício, crescendo em poder, usou a milícia para forçosamente substituir os magistrados Remonstrantes por calvinistas de cidade em cidade. Ele convenceu muitos que Oldenbarnevelt e os arminianos eram simpatizantes dos Católicos e inevitavelmente entregariam o país à Espanha. Desde modo ele obteve sucesso ao preparar o caminho para um sínodo nacional que seria completamente anti-arminiano. Os Estados Gerais distribuiu um convite para este sínodo que iria acontecer em 1º de maio de 1618. Oldenbarnevelt e Grotius foram presos, e o caminho estava calçado para um sínodo cujo resultado já estava predeterminado (para não dizer predestinado).
Após muitos atrasos, o sínodo se reuniu em 13 de novembro de 1618, e manteve sessões até 9 de maio de 1619, em Dordrecht – também conhecido como Sínodo de Dort. Embora principalmente um sínodo nacional holandês, representantes de igrejas Reformadas estavam presentes, da Grã-Bretanha, Suíça, o Palatinado, Hesse, Emden, e Bremen. O baralho estava empilhado desde o começo: as instruções para seleção dos delegados eram tais que os arminianos foram rejeitados por definição.
De qualquer jeito, três delegados arminianos de Utrecht conseguiram lugares, mas logo no início dos trabalhos foram forçados a ceder seus assentos aos calvinistas substitutos. Todos os arminianos foram acusados de heresia antes que somente os participantes no sínodo. Episcopius, como líder e porta-voz arminiano, e doze outros Remonstrantes foram citados para comparecer e responder acusações.
Em 14 de janeiro de 1619, os defensores Remonstrantes foram mandados embora, suas opiniões condenadas como heresia. Posteriormente, a Confissão Belga e o Catecismo de Heildelberg foram adotados como declarações ortodoxas da doutrina das igrejas Reformadas. Além disso, cinco “cânones” em oposição à Remonstrância foram escritos e adotados. Até hoje, os “Cânones de Dort” representam parte da base doutrinária oficial de muitas igrejas Reformadas. E, como opostos aos cinco Artigos da Remonstrância, eles são muitas vezes chamados de os “cinco pontos do Calvinismo.”
A punição para os Remonstrantes, agora oficialmente condenados como heréticos e por essa razão sob o julgamento da igreja e do estado, foi severa. Todos os pastores arminianos – uns 200 deles – foram retirados de seus cargos; os que não concordaram em ficar calados foram banidos do país. “Espiões foram pagos para perseguir e capturar os suspeitos de retonar para sua terra natal.”[2] Alguns foram presos, entre eles Grotius; mas ele escapou e fugiu do país. Cinco dias depois do final do sínodo, Oldenbarnevelt foi decapitado. A controvérsia estava estabelecida.
Uma nota de acréscimo é necessária. Após a morte de Maurício em 1625, os Remonstrantes receberam tolerância – pelo país, não na Igreja Reformada. Em 1630 foi-lhes concedido liberdade para seguir sua religião em paz, para construir igrejas e escolas. Em 1795, o Igreja Remonstrante foi oficialmente reconhecida e permanece até o dia de hoje. Um Seminário Teológico Remonstrante foi fundado em Amsterdã, com Episcopius e Grotius entre os seus primeiros professores. Este seminário também ainda existe. Lamento dizer que a Igreja Remonstrante Holandesa representa um Arminianismo hoje que é pouco diferente do liberalismo humanístico:
A inclinação em direção à liberdade de especulação, a rejeição de todos os credos e confissões, um preferência da moral ao ensino doutrinário, opiniões arianas a respeito da Trindade, a rejeição na prática das doutrinas do Pecado Original e da justiça imputada, e a depreciação do valor espiritual dos Sacramentos, resultou na gradual redução do Arminianismo na Holanda a uma quantidade teológica desprezível, e às dimensões de uma seita insignificante, somando somente algumas vinte congregações.
Como tenho apontado no Prefácio, as doutrinas distintivas de Arminius, e da maioria de seus primeiros defensores, têm aparecido em algum lugar de tempos em tempos. As opiniões do (de certa forma) Anabatista Balthazar Hubmaler eram próximas das de Arminius e compensa um estudo. Wesley e os teólogos que desenvolveram os primeiros ensinos Metodistas tinham muito em comum. Assim também os batistas gerais ingleses, sob a influência de Thomas Grantham, enquanto eles estavam ainda seguros na fé.
Estes são apenas exemplos: cada um deles, em parte pelo menos, serviu para “resgatar” o Arminianismo de sua doença e restaurá-lo com saúde evangélica e com a ênfase na graça de Deus que Arminius e os originais Remonstrantes deram. Mas essa história está além do objetivo desta obra. É suficiente observar, aqui, que há disponível a nós até hoje uma espécie de Arminianismo que tem como ponto de partida o próprio Arminius e seus primeiros seguidores, um Arminianismo verdadeiramente da Reforma. É o propósito do resto desta obra indicar o que realmente é este ponto de vista arminiano.
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[1] Estes artigos podem ser encontrados em vários lugares. A tradução inglesa dada aqui, junto com as versões holandesas e latinas, é encontrada em Philip Schaff, The Creeds of Christendom (Grand Rapids: Baker, 1966), III:545-549.
[2] Roy S. Nicholson, “A Historical Survey of the Rise of Wesleyan-Arminian Theology,” The Word and the Doctrine, ed. Kenneth E. Geiger (Kansas City: Beacon Hill Press, 1965), 30.
[3] Frederic Platt, “Arminianism,” Encyclopedia of Religion and Ethics, ed. James Hastings (New York: Charles Scribner’s Sons, n.d.), I:811. Uma interessante (e aprovadora) explicação do desenvolvimento “De Arminius ao Arminianismo” é encontrado no capítulo 2 de Man’s Faith and Freedom, citado acima.
[4] Há famílias de batistas hoje na tradição da Confissão de 1660 de Grantham.

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